Telhado verde, agora, é lei no Recife. O mecanismo, que tem
como finalidade diminuir as chamadas ilhas de calor na cidade, é obrigatório
para novos prédios residenciais com mais de quatro pavimentos e não
habitacionais com área coberta acima de 400 metros quadrados. A legislação
municipal de número 18.112, que cria o teto verde, foi sancionada em 13 de
janeiro deste ano e prevê plantio de grama, hortaliças, arbusto e árvores de
pequeno porte, de preferência nativa, na laje da edificação.
A lei já está em vigor e foi apresentada, sexta-feira (16),
em solenidade na sede da Prefeitura do Recife, no Cais do Apolo. De acordo com
o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, o
teto verde é uma forma de o setor público e privado se responsabilizarem pela
amenização das ilhas de calor, fenômeno provocado, entre outras coisas, pelo
excesso de pavimentação, com consequente diminuição da área verde, e construção
de prédios barrando o vento.
“Hoje, a tecnologia
avançou e há mantas verdes mais baratas, para serem colocadas nas lajes, sem
provocar problemas de infiltração. Com preços mais acessíveis, o impacto na
construção é menor”, avalia. A legislação estabelece técnicas e regras gerais
para o telhado verde, mas cabe aos empreendedores escolherem a vegetação de sua
preferência. Segundo ele, os parâmetros foram definidos em função da potencial
contribuição do edifício para o aumento da temperatura.
Mas nada impede as casas térreas ou edificações já
construídas de incluírem o telhado verde como uma gentileza urbana e ambiental
com a cidade. “Temos imóveis que aderiam antes mesmo de a lei ser sancionada,
como o Softex (Empresarial ITBC), no Bairro do Recife”, observa Antônio
Alexandre. Dependendo da criatividade do arquiteto, diz ele, a vegetação pode
dialogar com a arquitetura e as cores do prédio.
Na mesma lei, a prefeitura também institui a construção de
reservatórios para acúmulo e retardo de água de chuva, em novos projetos de
imóveis residenciais, comerciais e de serviços, com área de solo superior a 500
metros quadrados e que tenha 25% do terreno impermeabilizado.
“O reservatório de acúmulo serve para a reutilização da água
de chuva, a pessoa pode molhar os jardins ou lavar calçadas”, exemplifica
Antônio Alexandre. “Nesse caso, é uma questão de sustentabilidade”, destaca. O
reservatório de retardo tem outra função. É um depósito onde o prédio com solo
impermeabilizado vai reter a água, enquanto durar a precipitação.
Só quando parar de chover, a água retida será liberada gradativamente,
nas galerias pluviais. Com isso, a prefeitura espera diminuir os alagamentos na
ruas. “No Recife, é comum acontecer dias de chuvas intensas, em poucas horas,
levando a uma sobrecarga no sistema de drenagem, e as vias ficam inundadas. O
reservatório de retardo é a contribuição da sociedade para amenizar o problema”,
afirma Antônio Alexandre.
A medida é válida para prédios residenciais e não
habitacionais. “As construções antigas não são obrigadas a ter os depósitos,
mas podem se adaptar à lei espontaneamente. Estamos estudando mecanismos de
estímulos para esse segmento”, diz o secretário. “Num cenário de crise hídrica
nacional, como estamos acompanhando em São Paulo e no Rio de Janeiro, esse é um
ato muito simbólico”, afirma o prefeito do Recife, Geraldo Julio, que conduziu
o evento.
“No reservatório, cada imóvel vai fazer a retenção de água
que antes acontecia de forma natural no terreno sem pavimentação. Essa é uma
mudança permanente e com a colaboração de todos”, destaca Geraldo Julio.
A nova legislação se soma à Política Municipal de Educação
Ambiental, Lei nº 18.083, de 13 de dezembro de 2014, que propõe um trabalho
articulado entres as secretarias. “A ideia é juntar os esforços, em vez de
fazer ações isoladas com o mesmo objetivo, como vinha acontecendo”, diz a
secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa.
“Lançamos o projeto de educação ambiental em 2014, em
escolas públicas, com quatro temas: verde urbano, águas, resíduos sólidos e
biodiversidade de fauna e flora. Dos 306 colégios da rede municipal, 74
aderiram ao programa. A participação não é obrigatória, porque quando as
pessoas se engajam por interesse, levam o trabalho a sério”, declara a
secretária.
Em 2015, ela pretende ampliar a parceria, com colégios das
redes estadual e particular. “Implantamos coleta seletiva de lixo em 35
escolas, temos videogame ambiental, gibis digitais e descanso de tela para o
tablet do aluno”, diz Inamara Melo, gerente de Sustentabilidade da prefeitura.
Prefeitura Municipal de Lajedo
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