A fêmea de peixe-boi mais velha do Centro Nacional de
Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio), localizado na Ilha
de Itamaracá, ao Norte do Grande Recife, chegou aos 50 anos.
A peixe-boi foi capturada num curral de pesca da Praia de
Ponta de Pedras, em Goiana, Litoral Norte de Pernambuco, em 1963, ainda
filhote. Passou sete anos num tanque, numa fazenda da mesma praia, até ser
doada à Prefeitura do Recife e levada para a Praça do Derby.
Chica foi a maior atração para a população nas décadas de 1970 e 1980 |
O animal morava num recinto raso e pequeno para suas
dimensões: 2,45 metros de comprimento e cerca de 300 quilos de peso. Enquanto
isso, o tanque tinha 12 metros de diâmetro e 1,5 metro de profundidade,viveu
confinada por 22 anos (1970-1992).
Sem espaço para se locomover, Chica, uma fêmea de peixe-boi
marinho (Trichechus-manatus), nadava apenas em círculo, no sentido horário, o
que lhe custou uma má formação lombar.
Além disso, a água do canal da Avenida Agamenon Magalhães, cheia de
esgoto, se infiltrava no tanque, nos períodos de maré alta, conta Maria Adélia a bióloga representante da Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan).
“A gente via a água mudar de cor, quando a maré subia”, diz
ela. Periodicamente, a prefeitura secava o recinto para dar banho em Chica,
esfregando o corpo com vassouras. Num dos banhos, agitada, ela feriu as costas
na areia acumulada no fundo do tanque. O machucado nunca cicatrizava. Como o
lugar era raso, Chica vivia com as costas sempre ao sol.
Para completar, as pessoas chegavam muito perto do animal.
“Davam comida e pipoca, tocavam nela, eram condições inadequadas”, lembra Maria
Adélia. Por dez anos, a Aspan tentou levar Chica para um cativeiro natural, numa
praia da Paraíba. Em 1990, com a inauguração de uma base do Projeto Peixe-boi (na época ligado ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente, o Ibama) em Itamaracá, a entidade iniciou campanha
para transferir Chica para a ilha.
Campanha da ASPAN para a retirada do peixe-boi Xica da Praça do Derby |
A Aspan recorreu ao Ministério Público, que obrigou o Ibama
a fazer a transferência. Em agosto de
1992, com 29 anos de idade, Chica foi levada para o centro, onde permanece há
exatos 21 anos. Lá, curou a ferida das costas e teve três filhos, mas nenhum
sobreviveu. Chica entrou para a história como a primeira peixe-boi a ter filhote
em cativeiro no Brasil. “Chica é uma vencedora”, resume Adélia.
Passados 21 anos, Chica cresceu 68 centímetros. Em 1999,
quando foi pesada tinha 319 quilos. Hoje Chica pesa 750 quilos e mede 3 metros. O aniversário de Chica será comemorado até o fim de 2013, no
CMA.
O museu do centro preparou exposição com fotos de Chica, maquete do antigo
cativeiro na Praça do Derby e painéis contando a história de vida do mamífero.
Filme e palestra completam a programação.
O cinema tem formato de peixe-boi |
O CMA (antigo Projeto Peixe-boi e hoje vinculado ao
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio) abre para visitações todos os dias, das 9h às
16h. O ingresso custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Escolas públicas não pagam
e visitas em grupo devem ser agendadas. O telefone do centro é (81) 3544-1056.
Fonte: http://www.icmbio.gov.br/cma/destaques/67-a-peixe-boi-cinquentona.html
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/cienciamambiente/noticia/2013/08/24/peixe-boi-mais-velho-de-pernambuco-completa-50-anos-94912.php
Imagens: Julieta Beserra
Nenhum comentário:
Postar um comentário